01 novembro, 2006

A primeira vez


Pela primeira vez na vida comprei uma embalagem de Tide.
Agora só me falta saber como utilizá-la... Mãe???

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31 outubro, 2006

Um post bizarro

Quem nunca quis mudar o mundo e deixou tudo na mesma?
Quem nunca alugou um quarto apesar de ter casa para dormir?
Quem nunca pediu uma cerveja apesar de querer um café?
Quem nunca foi dar uma volta a pé às 4h da manhã apesar de estar cansado?
Quem nunca foi para tão longe apesar de ter alguém tão perto?

Nada como Shanghai à noite.
Nada como andar à chuva.
Nada como ter amigos e ser amigo de alguém.
Nada como fazer novos amigos.
Nada como manter os antigos.

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30 outubro, 2006

Do presente para um futuro


Depois da China pretendo viver em quatro países. Rússia, Catalunha, Palestina e Cuba, não necessariamente por esta ordem, não necessariamente apenas nestes países. Até há pouco tempo também a Índia era uma das minhas prioridades por motivos profissionais, mas já aqui na China encontrei o que pretendia na Índia. Trabalho actualmente com excelentes gestores de projecto e programadores chineses e indianos, gosto bastante da forma metódica com que trabalham.
De qualquer das maneiras, não sei quando irei, estou muito bem na China, pessoal e profissionalmente. A China e particularmente Shanghai surpreendeu-me mais do que estava à espera. Não pretendo deixar a China tão cedo.

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Viver em comunidade


Não sei se já falei nisto mas todas as semanas há fogos de artificio aqui na China. Sem razão aparente. Visto nem ser feriado nem nenhuma data publicamente importante. Na brincadeira costumamos dizer "olha, aquele deve estar a festejar o frigorífico novo" dada a banalidade que os fogos de artificio têm por aqui.
Mas eu não definiria o povo chinês como festivo. É antes um povo comunitário, têm um profundo sentido de vivência em sociedade. Aqui a união faz mesmo a força. O colectivo prevalece sempre sobre o particular. Há imensos exemplos disso, no transporte em autocarros, como já disse aqui uma vez, todos pagam o preço da viagem sem tentar escapar sem que o motorista veja porque sabem que assim vão manter a qualidade do serviço para todos, nos almoços ou jantares em restaurantes com mesas suficientemente grandes é provável que outras pessoas se sentem ao nosso lado e num jantar para duas pessoas se pedirmos 3 ou 4 pratos diferentes a única coisa individual é a dose de arroz tudo o resto é partilhado pelos dois. E não há pratos individuais. Há dois pauzinhos chineses, às vezes uma colher também, e normalmente uma tigela e um pratinho para irmos pondo os ossos ou espinhas, ambos comemos directamente das mesmas doses. Mas o mais delicioso é o que se refere à política. No ocidente reduz-se à simplicidade de "a China é uma ditadura, as pessoas fazem o que o governo manda". Sem querer entrar no campo da psicologia nem nas formas de controlo persuasivo da desinformação das "democracias" ocidentais, a política na China é feita para e com as pessoas, aqui as pessoas têm a formação e informação necessárias e principalmente um apurado sentido colectivo que faz com que todos lutem por objectivos comuns. É bem, não?

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26 outubro, 2006

A oriente tudo de novo

A Guida disse ontem uma coisa que também já tinha notado. Tal como ela refere "as crianças são mais crianças aqui". E eu também acho isso, nunca vi sequer alguma criança fazer aquela birra no meio da rua de se não me dás aquilo eu choro. Será por causa da televisão? Será por causa da falta dos Morangos com Açucar? Aqui também há o culto da beleza mas não no extremo ocidental que a Rita (justamente) refere.
Mas as diferenças de comportamentos curiosas não se ficam por aqui. É sabido que os estrangeiros têm de andar aqui sempre com o seu passaporte e eu costumo andar com o meu. Mas há dias a Brenda pediu-me o passaporte para enviar para a polícia para ser renovado. E eu fiz-lhe uma pergunta que me pareceu natural, até porque já fui abordado por polícias que me pediram o passaporte em Budapeste e em Paris também: "E se algum polícia me pede o passaporte entretanto?". Ao que ela me respondeu: "Dizes que está na polícia para renovar". E eu perguntei-lhe: "E se o polícia me pedir provas de que está mesmo na esquadra para renovar?". Ela ficou a olhar para mim... "Não sei Rui, nunca tinha pensado nisso. Mas nenhum polícia te vai fazer isso."
Outra situação engraçada passou-se no meu novo apartamento. Havia um problema com o autoclismo e com o fogão, e então o meu senhorio foi lá enquanto eu estava a trabalhar e tratou de tudo. Em qualquer parte do mundo isto era um perigo, até porque estava lá bem à vista o computador e outras coisas com o seu valor. Mas a Shea, a rapariga que me arranjou aquela casa disse-me que isto é uma situação normal e o senhorio ia ter muitos problemas se roubasse alguma coisa ainda para mais a um estrangeiro.
Portanto a confiança é um factor muito importante aqui. E faz sentido numa sociedade harmoniosa como a China pretende.

Vista do meu quarto (adoro uma boa vista)

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25 outubro, 2006

Cimeira sino-africana

Nunca nenhum país "desenvolvido" fez tanto por e com África como a China.
Mas o Banco Mundial, pela voz do seu presidente Wolfwitz, já se mostrou preocupado com o que esta aliança poderá significar para a economia dos Estados Unidos mundial curiosamente às portas da Cimeira China-África.
Como é evidente o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Liu Jianchao já respondeu, "Liu said that China's economic and trade cooperation with African countries is carried out on the basis of equality and mutual benefit, adding that it contributes to improving African people's living standards, and their economic and social development.
China has always adopted a policy of non-interference in the internal affairs of other countries, Liu noted.
According to China's Ministry of Commerce statistics, China's total investment in Africa has reached 6.27 billion U.S. dollars. Over 720 major projects have been completed in 49 African countries with Chinese assistance, and 58 projects have been launched in 26 African countries with preferential loans from China."

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23 outubro, 2006

Shanghai 2.0

Hoje foi um dia produtivo. Conheci os meus colegas na Wicked Lasers, pessoal espectacular. Diferente da Ideawise. É uma equipa mais pequena, somos uns 10, só programadores, administradores de sistemas e designers 3D. Todos com um grande sentido de profissionalismo mas sempre na galhofa e brincadeira. Somos uma equipa de programadores chineses, indianos e um português. Gosto do ambiente. E já com linux a bombar.
Ah a Wicked Lasers, que está no Guiness 2007 por causa dos lasers (desde hologramas a sabres de luz tipo Darth Vader), é uma empresa situada num prédio no 31º andar. :D Gosto da altura.
Tive ainda tempo para escolher o meu novo apartamento (que é pago pela empresa, o que é bom). É um apartamento com uma área razoável, com uma boa vista, no 18º andar, a uns 5/10 min a pé do escritório.

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22 outubro, 2006

De armas e bagagens

Mas o meu novo emprego pressupõe que mude de casa novamente. É a minha terceira casa em 3 meses. Vamos ver se fico durante mais tempo desta vez.
Mas gostei desta zona da cidade. Plaza 66, Jiangning lu, Beijing lu, Nanjing xilu, Wuding lu. Em pouco tempo deu para travar os meus primeiros conhecimentos seja com a família que prepara uns bons jantares em frente ao meu prédio, a simpática rapariga do supermercado, o gajo dos kebabs, o pessoal do restaurante onde comi os morcegos, as raparigas do Coffee Break, o gajo dos Rolex e que ontem tentou vender-me 3 canetas Montblanc por 2 euros. E eu não quero acusar ninguém mas tal como vocês estão a pensar, eu também estranhei a proveniência porque o bico de uma delas pareceu-me estragado. E aí ele perdeu a razão toda. Até conhecia Portugal, sabia que Macau tinha sido nosso e quando eu lhe disse que não queria as canetas ainda me falou de umas miúdas que faziam umas massagens a um preço porreiro, mas vender canetas Montblanc com o bico estragado é imperdoável.
Mas levo boas recordações da cozinha em frente ao meu prédio. Além dos pratos que preparam serem muito bons, foram desde o ínicio mesmo simpáticos comigo. Não falam outra lingua que não seja o chinês, eu ainda sei falar pouco chinês, mas fizeram sempre tudo para tentar perceber o que eu queria e nas últimas semanas ofereciam-me coisas para ir comendo enquanto esperava para levar para casa o meu jantar. Ofereceram-me ameixas e dióspiros, eu aceitei e estavam muito bons e na última vez que lá fui o dono, e caixa do restaurante, estava também ele a jantar. E levantou-se foi buscar mais dois pauzinhos chineses e ofereceu-me da refeição dele. Ficou todo contente porque aceitei.
E pronto, aí vou eu de armas (AK-47, catana, bazuca M1A1) e bagagens (computador e tralhas) do distrito Jing'An para o distrito Changning.

De resto, e se eu partilhasse convosco um vídeo ranhoso de 35 segundos que fiz da vista do Waitan sobre Pudong?
Para verem o filme precisam do Quicktime.
Quem é amigo, quem é?

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21 outubro, 2006

Novas coordenadas

Depois de um período de reflexão (curto, não gosto de pensar muito tempo na mesma coisa) decidi que antes de mais queria continuar a viver em Shanghai, gosto muito desta cidade. Da vida, da noite, das pessoas. É preciso perceber que são diferentes, têm características diferentes, têm maneiras de ver a vida diferentes, dão valor a coisas diferentes dos ocidentais. Mas depois de quase 3 meses cada vez gosto mais desta diferença.
E portanto, decidi sair da Ideawise e procurar algum projecto que me entusiasmasse mais na área do software livre e apesar da tentadora proposta de Pequim, pela empresa, pelo GNU/Linux, decidi aceitar uma proposta profissional de uma empresa chinesa da área de tecnologias de laser para desempenhar funções de programador PHP e Perl em sistemas FOSS aqui em Shanghai. A equipa é quase todo composta por chineses mas há também um indiano, um inglês e agora um português. Os clientes desta empresa são essencialmente empresas e entidades da indústria informática, medicina, desenvolvimento científico e tecnológico, astronomia e universidades.
E foram engraçadas as conversas que tivemos porque o inglês destes chineses é muito mau bem como o meu chinês, pelo que foi bastante bizarro e cómico mas a verdade é que nos entendemos, afinal eramos todos programadores, informáticos. Sabiamos bem de que estavamos a falar. Acho que vai correr tudo bem.
A política de pequenos-almoços, almoços, comida e bebida (e café) é igual à minha anterior empresa e isso pesou muito na minha decisão.
Mas entretanto fui contactado pela Viviana Sun, uma rapariga bastante gira diga-se (uma apresentadora de televisão bastante conhecida na China, mais ou menos a Catarina Furtado cá do sítio) para colaborar num projecto que ela e outros estavam a desenvolver na internet relacionado com um programa de televisão feito por eles e que é emitido por uma televisão nacional da China. Achei o projecto engraçado (e não comecem com as piadinhas do costume, as minhas intenções são unicamente profissionais) e provavelmente vou colaborar com eles no meu tempo livre.

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20 outubro, 2006

Ai Portugal Portugal

Fico contente por viver num país que não é um fantoche nem do Vaticano nem dos Estados Unidos. Fico contente por viver num país cujas pessoas não são meros sub-produtos com uma obsessão por um estilo de vida. Fico contente por viver num país que sabe onde está e para onde vai.
Mais uma vez Portugal discute sobre a interrupção voluntária da gravidez. O que mudou desde o último referendo há 8 anos?
Mais sofrimento das mulheres. Mas querem fazer um novo referendo. Que é um atestado de incompetência aos deputados da República Democrática Portuguesa, afinal eles foram eleitos pelo povo. Porque não decidem na sede própria que é a Assembleia da Republica?
Mas para quem não sabe, a pergunta que vão colocar no referendo é "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?". Porque é esta a questão, saúde pública. Vida digna.
Portugal é um país laico com liberdade de associação religiosa. Os portugueses têm todo o direito de professarem a religião católica, muçulmana, budista ou judia. Mas não têm o direito de obrigarem os outros a regerem-se pelas "suas" regras.
É que o problema nem sequer está em Portugal ser o único país da Europa em que ainda se luta pela liberalização da interrupção voluntária da gravidez, é a hipocrisia normal dos restícios salazarentos em que uma mulher que tenha dinheiro vai a Espanha ou a outro país qualquer e faz o aborto sem qualquer problema, quem não tem dinheiro faz o aborto na esquina ao lado em situações desumanas sem o mínimo de dignidade e higiene.
O verdadeiro problema do Vaticano e da ICAR não é com o preservativo nem com o aborto mas sim, se aceitasse ambos, estariam implicitamente a "aceitar" a prática de sexo sem intuito reprodutivo.
Mas sim, não sou católico. Sou ateu.
E talvez por isso só consiga classificar de hipócritas e criminosos aqueles que dizem que quem aborta ou quem faz abortos, em quaisquer circunstâncias e seja qual for o motivo, mesmo salvar a vida da mulher merece a excomunhão católica automática enquanto assassinos e violadores de crianças podem sempre ser perdoados.
Para a Igreja Católica, o aborto constitui sempre "um ataque à vida humana" - subentendendo-se que para a ICAR a mulher é um sub-humano sem quaisquer direitos e todas as mulheres devem deixar-se de relativismos ateus e assumir o seu papel "divinamente" predestinado de meras parideiras sem quaisquer direitos. Como confirmado, por exemplo, pelas declarações do responsável do Conselho Pontifical da Família em relação à recente alteração na legislação da Colômbia, que permite o aborto em caso de violação, malformações fatais do embrião/feto e quando a vida da gestante está em perigo.
É triste saber que daqui a alguns anos (poucos) um papa vai estar a pedir desculpa à humanidade pelos crimes deste, tal como este faz com os anteriores.
Esta é a análise real da situação real.

Ah, não quero ofender ninguém com este post mas estou farto de meias palavras. Vou votar "Sim, concordo." nem que tenha de ir à Embaixada Portuguesa em Pequim.

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